Meu monstro, meu amado

Nem me agradavam Todas aquelas honrarias Em meu nome. Cai em desgraça Causei inveja divina Fui castigada Das irmãs fui chacota “Tão bela e tão pobre no amor!” Da família me separei Meu destino era casar Um monstro deram-me por marido Num castelo fui morar Lugar mais belo jamais meu olhos avistaram E fui tornando-me princesa Aprisionada pela curiosidade Toda noite o monstro vinha E de amor me deixava repleta Mas uma coisa sempre me dizia Por ser eu proibida Não ver como era o semblante Do amor deitado ao meu lado Por demasia errei Feri-o de óleo fervendo Machucado por dentro e por fora Voou para longe de mim Envergonhada pelo meu ato Desatinada sai A procura do jovem encantador Com suas asas peroladas Sua face rosada Sua pele alva como a neve Seus raios de sol encaracolados... Vênus deu a mim desafios Mas por benevolência divina fui guiada Ceres ajudou-me nos grãos O deus do rio facilitou-me as lãs douradas Uma voz bondosa salvou-me da morte Quando desesperada Deveria ir até Prosérpina ...