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Mostrando postagens de setembro, 2008

Eu quem será?

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"Mas eu quem será?" (Los Hermanos) Para Giuseppe Menezes, meu Kozmic Soldier preferido. Eu sempre deixo tudo suspenso e ouço o que dizem de mim quem liga? ninguém quer mudar. O que eu seria se tivesse de não ser o que dizem o estranho que sou eu digo o que me vem porque só eu posso saber o meu querer decidir o futuro e o presente. O que eu posso fazer se amo tanto o passado, o ultrapassado, gosto mesmo é do velho. Não importa mais o que vão dizer eu só quero a paz-angústia de não saber quem eu sou. Um dia talvez eu possa chegar e mudar de vez o meu lugar não preciso ouvir palavras demais porque eu vou seguir o acaso do meu coração que sabe me construir pelas horas mais banais. Eu sempre deixo tudo suspenso e ouço o que dizem de mim mas na verdade eu penso e não quero voltar a ser o primeiro a cair na lama do pensamento alheio. Eu quero é ser velho é melhor pra mim eu não vou mudar consegui emoldurar o tempo e ele sabe fingir a construção que mereço. Eles não sabem nada tanto

Carta à Cecília

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foto: Jaquelyne A. Costa O mar, Cecília, O mar que me dizes Está brumoso e frio, bem o sei. Foi lá que deixei, À marola, O meu sonho se afogar. Ainda há a carcaça do teu navio Repleta de vida e cores Por tuas mãos plantadas As flores ainda perfumam Muitas de minhas dores. A canção, Cecília, A canção que me cantas Ecoa em meus sentimentos Tão sucintos como sinos Que só a mim ressoam. Com minhas mãos abri o horizonte Eis que a lua ainda dormia E avistei de longe O sol da minha vida. O céu, Cecília, O céu que me anuncias, Repleto de campos plumados, Branco e límpido A mim aparecia em armação de chuva Sempre que meu coração Era espedaçado. Jaquelyne de Almeida Costa

A carregadora de sonhos

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Eu havia me concentrado naquela figura raquítica, dobrada, encostada a uma parede branca e fria de um pequeno apartamento. Ela olhava para a paisagem através da grande janela que dava para o terraço. Seu olhar era de uma tristeza conformada, sabia que lá fora era grande demais para uma pessoa como ela. Lá fora havia muitas coisas que gostava. Mas havia também as pessoas que a perseguiam. Fechava os olhos com força e aí saía a primeira gota silenciosa por não saber mais o que fazer. Ela olhava, e eu ali me fazendo fantasma a observar. Seu olhar jogava uma luz pesada para fora enquanto eu a emoldurava em minha visão-lembrança. Em seu colo havia uma tigela com biscoitos de chocolate (o nosso favorito) e em suas costas, mal repousadas às costas do pequeno sofá escuro, uma velha almofada enfadada pelo tempo contínuo de uso. Agora um barulho se fazia ouvir pelo resto do cômodo. Isso a deixava totalmente concentrada. A televisão não era apenas aquele aparelho de onde sua mãe sabia notícias e

Anjos de asas guardadas

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Às vezes, As palavras em minha boca Têm gosto de pressa E se parecem sangue Em hemorragia Quanto mais as tento reter Mais se derramam de mim Como se não fossem minhas Como se não me quisessem ser. Afoitas, sem o menor apego, Elas percorrem ruas e becos Raspando esquinas, Escorrendo no lodo dos lagos, Arranhando a pele em muros, Batendo com a cara nas portas Assaltando sentimentos alheios Querendo destruir Hodiernas construções modestas. Depois, como anjos de asas guardadas, Regressam soturnas e iluminadas Segurando a morte em suas mãos O coração branco de algodão Os lábios de cera vedados E deitam tranqüilas e silenciosas No mármore fúnebre Da prata cinzenta das horas. Jaquelyne de Almeida Costa

"Acima de tudo o Amor"

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“Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor.” (Bíblia Sagrada. 1 Cor, 13, 13) Nunca se tem o verdadeiro tempo Para quem se diz amante. Parece que o esquecimento É muito mais importante. As obrigações, O trabalho, Os estudos - tudo É sempre mais urgente Que a pressa de amar. Talvez seja outro romance Talvez não seja em mim Que pense, quando há tempo para isso. Talvez seja preciso Uma outra necessidade alimentar. Não é egoísta o Amor Mas por que vivo tão sozinha? Hoje não há mais tempo para o Amor Que tornou-se um frouxo compromisso E sempre pode ser adiado. Infelizmente, para minha derrota, Não comungo esse desprezo pelo Amor. Infelizmente, me ensinaram a amar Acima de todas as coisas. Jaquelyne de Almeida Costa

Do ciúme meu

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Impulsionada pelo recente calor do ciúme Dedico-o para minha amiga Frau Magdala O ciúme me gela Gela minhas mãos, Meus braços, meu peito E minha alma. O ciúme me arranha, Me consome, Sobe-me pela garganta, Arrasta-me ao fosso, Vou deixando que me tome Em ira profunda. O ciúme é passageiro. O ciúme é repentino. O meu ciúme é venenoso. Joga-me nas paredes De minha consciência embrutecida, Atropela-me o gosto doce do momento, Afoga meu desejo, Traz-me a morte Pelo poder pírico Que possui. O ciúme, meu, é como um sol Que a tudo seca. Chega-me a estiagem, perene, O chão torna-se árido. O ciúme é passageiro. O ciúme é repentino. O ciúme, meu, é perigoso. Ataca-me um agressivo gosto de sangue. E o sangue é sempre meu... Indolente ciúme, Esse ciúme meu. Jaquelyne de Almeida Costa