Anjos de asas guardadas


Às vezes,
As palavras em minha boca
Têm gosto de pressa
E se parecem sangue
Em hemorragia
Quanto mais as tento reter
Mais se derramam de mim
Como se não fossem minhas
Como se não me quisessem ser.

Afoitas, sem o menor apego,
Elas percorrem ruas e becos
Raspando esquinas,
Escorrendo no lodo dos lagos,
Arranhando a pele em muros,
Batendo com a cara nas portas
Assaltando sentimentos alheios
Querendo destruir
Hodiernas construções modestas.

Depois, como anjos de asas guardadas,
Regressam soturnas e iluminadas
Segurando a morte em suas mãos
O coração branco de algodão
Os lábios de cera vedados
E deitam tranqüilas e silenciosas
No mármore fúnebre
Da prata cinzenta das horas.





Jaquelyne de Almeida Costa

Comentários

Anônimo disse…
Ei, adorei a poesia "Anjos de asas guardadas".. muito linda! vc brocaaaaaaaaaaaa sempre!

Tem muito talento aí dentro de vc, e a impressão que dá é que ele quer explodir, sair, ganhar o mundo e alcançar lugares ainda não alcançados!
Jaquelyne Costa disse…
Pablito!!!
Muito obrigada pelo elogio!!
Você é que é muito iluminado!!
Continue assim,amigo, você irá sempre cair nas graças de Deus!
Anônimo disse…
Filha...

tua poesia cada vez melhor, feito grilo falente e dançante e coisa mais e tal e coisa, lindo mesmo...

vou continuar lendo aqui...

beijos sabor nicotina pra ti.
Jaquelyne Costa disse…
Filho,amado filho...
Você é sempre assim, um jeito ser bruto-amante que nunca se esgota de seca-estiagem...
muito obrigada pelas palavras-sabor-de-terra-molhada!!
Continue...
Beijos sabor verdade-de-sonhos-de-bronze pra ti!
Lindo! palavras, palavras... palavra: Bravo! hehehe
Bjow
Jaquelyne Costa disse…
As palavras são o meu maior tesouro!!
Por isso as canto tanto...

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