A epístola de uma vida amantíssima


Ao ouvir Elephant Gun e relembrar o último episódio da minissérie Capitu (Baseada na obra Dom Casmurro de Machado de Assis)


E essas gotas de mar

Que brotam cheias de meus olhos

Doloridos de saudade

-eis que a dor me é a própria

Eternidade: esse mar que me

Escorre a face

É resquício de um amor que tive

Desses que são únicos

E tão logo se iniciam

Tão cedo vão embora.

Assim vivo com meu coração

Enorme e pesado como um elefante velho

Que já não quer mais andar

Em busca de vida.

Meus sonhos tocam saudosistas

Num realejo dentro de mim

E caminho aqueles olhos

Que outrora eram minha mais pura felicidade

Meu anélito mais legítimo

Minha própria vida, enfim.

Chegam mais gotas do mar

E eu já nem vejo mais

As palavras, as cartas manchadas

Por essas liquidezas de sal

Marcadas pelo batismo triste da saudade.

Se eu pudesse,

Nem mais guardaria aqui os meus sonhos

Eles merecem um berço mais profundo

Distantes deste mar que carrego

Antes que se vão num afogamento

Porque já não sei nadar.

O realejo toca outra vez

E aos poucos o sol entra

Em meu quarto soturno

Esquecido da luz daqueles olhos

Que eram os espelhos da natureza

Amantíssima daquela alma

Que me bailava a vida

Numa canção tão infante

Como se quisesse me dizer

Coisas sobre a efemeridade

Das nuanças do tempo.

E eu acreditava no juramento

Me julgando segura do sentimento

Que possuíamos um ao outro.

Poucos eram os anos

Naquela época

E muitos eram os sonhos

Que em mim surgiam

Como as flores na primavera

Os botões que finalmente se abrem

Para as cócegas do vento e do sol.

Tive meu tempo de ser feliz

Mesmo que breve

Naqueles fragmentos de eternidade

Tive a mais ingênua ilusão

Do coração inflamado pela paixão

De viver na adolescência

Toda aquela verdade infinda

Que o coração faz questão

De nos impregnar

Nas sensações, nos gestos e no olhar.



Jaquelyne de Almeida Costa

Comentários

Unknown disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse…
Ah, mais que perfeito, fico cada vez mais encantada quando passo por aqui! Beijos!!

http://www.sonhosamadores.blogspot.com/
Jaquelyne Costa disse…
Ah, Bianca!!!
Fico lisonjeada em disso saber!!
Danke!!
Um grande abraço!!
Passarei em teu itinerário feérico!!
Beijos=*
Se enlouquecer é por tua culpa. O lirismo, o balde de sentimentalismo e a gritante subjetividade. Consigo andar por tuas linhas, e isso me deixa feliz... Obrigado por existir viu?!
Acabei de ler o teu poema "cheio de gotas de sal" e que revela sempre um desejo, o mesmo desejo de amor, de amar.

Beijos, Jaque!
Anônimo disse…
Passando para deixar meus votos de um 2009 maravilhoso!

beijos
Anônimo disse…
Minha alma precisava de poesia, ela estava machucada, triste e aqui eu encontro belas palavras que transcendem, eleva o espírito. Obrigada por escrevê-las.



Beijos!!!!
Jaquelyne Costa disse…
Abraão, você me deixa estourando de tanta felicidade!!
Sabe que se eu te "enloquecer" vai ser o ápice de minha missão!!!rsrs...
Beijos,meu querido!!
Obrigada a você por existir e "caminhar" por minhas humildes linhas!!
Jaquelyne Costa disse…
Mi, muito obrigada por teu carinho!!
É que eu preciso sempre falar em amor, isso me deixa bem!
Só preciso de um ao meu lado, né?!Rsrs...
Beijos=**
Jaquelyne Costa disse…
Bah, eu te desejo muita felicidade e palavras em teu blog!!
Muito obrigada por tudo!!
Beijos=**
Jaquelyne Costa disse…
Oh, Meg!!
Sempre que precisar pode falar pra mim também, fico lisonjeada em saber que aqui você encontra um "refúgio" para tuas mágoas...
Mas o que eu gostaria mesmo era de que voce não precisasse de palavras para te consolar e sim para compartilhar uma imensa felicidade!!
Beijos, minha querida!Não se sinta só, e se isso lhe acontecer, estarei aqui pronta para lhe ouvir!!
=**

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