Amor jamais será essa coisa pálida que faz você se sentir pequeno e esquecido
“Tantas
você fez que ela cansou porque você, rapaz, abusou da regra três onde menos
vale mais”, esses versos do poetinha Vinicius de Moraes sempre martelam na
minha mente quando um relacionamento amoroso não dá certo. Passam pela sua
também? De repente, eu percebo que não era amor de verdade, era algo apático, de
vínculo extremamente frágil, linha quase transparente. Andava incômoda porque
sentia que faltava tanta coisa... era um amor que sofria de osteogênese
imperfeita. Olha, confesso que senti em dizer a mim, mas esse não era um amor.
Um
amor forte e verdadeiro é quando o outro lhe aceita do jeitinho que você é,
claro, sem esquecer que todos temos “defeitos de fábrica” e algumas coisas
precisam sim sempre ser melhoradas. Um amor bom procura lhe fazer bem o máximo
que der, lhe faz sorrir mais do que chorar e se chorar é de emoção bonita e não
tristeza. O amor é aquele que dentre tantas coisas simples faz você se sentir
em casa; é conexão que não cai, pra dar inveja a qualquer wi-fi do Google! Amor
abraça e beija sem reservas, não tem pra quê sentir vergonha de expor algo tão
lindo. Não tem também pra quê tanto silêncio. Silêncio demais atordoa, como
diria Chico Buarque, deixa a gente sem saber se o que está vivendo é de fato
algo que está fazendo o outro feliz e principalmente, a gente mesmo.
Aposto
que todo mundo quer um porto para se sentir seguro, amado, desejado, querido.
Quer ser abraçado, beijado, tocado, olhado, bem fundo, aquele olhar que deixa a
gente nu diante do outro, que permite que vejam da gente os mais preciosos
segredos. Todo mundo quer alguém que o coloque pra cima, um verdadeiro
companheiro “pra todas as horas”, que incentive, que sorria ao lhe ver sorrir.
Ter alguém que não faz o menor esforço pra lhe ver é sacanagem! Alguém que não
vibra por suas conquistas, quem quer? Eu não quero príncipe encantado até
porque eu nem sou uma princesa, de jeito nenhum! Eu tenho meus defeitos, meus
anseios (vários), minhas convicções, meus valores e por algumas memórias eu
vivo. No entanto, nada que me torne um ser antissociável a ponto de ninguém
poder se relacionar comigo e me amar assim.
Quando
a gente aceita estar com alguém e vai ao longo do tempo percebendo que está
sempre apático, não comemora sequer a data do dia em que começou a namorar (até
esquece), não quer curtir coisas simples como um dia de sol, umas voltas de
bicicleta, não sabe seu escritor favorito, não sabe dizer seu nome completo, aí
algo de muito errado está acontecendo. Afinal, se a gente gosta muito de
alguém, se interessa em saber das coisas que ele gosta e não gosta, do que o
proporciona prazer e o que lhe incomoda.
Quando
a gente ama não faz chantagem para que o outro mude alguma coisa que estava
causando conflito, nem o faz por mensagem de What’s app, por exemplo. A gente
senta frente a frente porque sabe que encontrar alguém bacana está bem difícil
e simplesmente o descartar, só por uma questão que poderia até ter sido
acertada, só demonstra o quanto não havia amor nisso, era somente acomodação em
ter alguém para lhe satisfazer quando bem o quisesse, uma ilusão de não estar
sozinho quando de fato você está mais solitário que um ermitão. Não existe amor apático. Amor jamais será essa
coisa pálida que faz você se sentir pequeno e esquecido. Amor mesmo deixa a
gente até mais bonito porque rosado fica o coração!
Jaquelyne Costa
Jornalista, poetisa e escritora
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