A moça das duas Marias e sua história de amor eterno

Era dia da padroeira da cidade. E já havia quase quatro anos que não ia mais ver a procissão. Sua Maria havia ido para o céu, aquela que lhe pedia manhosamente a companhia para cumprir de tão amoroso coração esse compromisso de fé. Acovardou-se e preferiu ficar silenciosa e emaranhada entre os lençóis e as brancas paredes de seu quarto, com medo da realidade abrir a porta e lhe escancarar aquela dolorida verdade. O doce chamado para levantar-se antes das sete horas da manhã nunca mais aconteceu. Ela ainda não havia despertado para a herança preciosa que lhe haviam deixado. Da cama ouviu os sinos bradarem pela manhã que já era o dia da santa e a sua frente projetaram-se cenas antigas de quando na missa especial, sua Maria dava seus passinhos apressados para pegar um bom lugar e o jornalzinho para acompanhar o rito daquela Maria de quem se valia. Era festa, esse momento, para a alma de Maria. Seu olhar ficava ainda mais intenso e bonito porque o amor é quem governava seu lugar n...