Recado ao transportador
Há uma paragem que guarda tantas impressões passagens, momentos, lugares arrebóis, acenos de chegada e partida, lágrimas que foram minhas e de outrem, sorrisos de ontem, palavras azuis também acres, silêncios agudos necessários e também delicados, dias de amores e desamores em desalinho, abraços regalados e deliciosamente concedidos, recados em guardanapos e deixados na escrivaninha “Nini, fui à missa e volto mais tarde pra te buscar. Beijos de sua mainha” o sentimento bombeando um peito álacre a ansiedade que era boa e fazia a pupila dilatar ampliando os horizontes, os encontros marcados depois do trabalho o sentar ao lado para receber cafunés depois do café, as cartinhas infantes coloridas repletas de amor eterno as roupas blandilicamente costuradas as gargalhadas provocadas pelo seu bom humor o debruçar na janela e conversar parvoíces no fim de tarde antes das novelas o repousar depois do almoço e ouvir seu leve ressonar sentir seu