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O que passou e nunca passa

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Foto: Google Olhei para trás. Naquele momento não sei o que me deu, que força estranha me tomou e eu olhei para trás. Foram mãos invisíveis puxando meu rosto e meus olhos sempre tão curiosos avistaram aquela cena. Sim, eu poderia ter seguido adiante, mas meus pés quiseram ficar, fincaram-se naquele chão como a raiz de uma velha árvore. Eu, ali, arvorecendo, o tempo a passar e a congelar meus movimentos. Havia uma música? Não. Não havia senão o som do meu sangue a romper os limites de meu corpo, ávido. O peito ascendia e declinava pelo ar em demasia, o coração em sístoles e diástoles apressadas como que a querer saltar de dentro e percorrer o mundo, abraçar aquelas lembranças que haviam criado vida. Sufocá-las de tanto abraçar até que só restasse o pó das coisas eternas. No cinema que é esse monte de memórias eu estava ali de expectadora, silenciosa, os rios se formando na face, os sentimentos em profusão dançavam sua ciranda, e eu me sentia impotente diante do que perdia.