Lençol bordado de estrelas e lágrimas
Pego o lençol
quero rasgar-lhe ao
meio
ainda que belo
com suas estrelas
que cintilaram sobre
uma infância
de quem um dia fui
tomo-o com força
e meus dedos tremem
com a missão abortada.
A dor é quem desperta
as lágrimas são tão
leves a abruptas
mas caem como elefantes
em meu colo.
Era de dentro do peito
expurgar tudo isso que
queima
como é que cabe
toda essa febre
toda essa neblina
essa fervura em meus
nervos?
A paz que em vão
procuro
os sorrisos e carinhos
ficaram no eco dos
tempos
volta e meia banhados pela
falta da razão.
Todo dia acordo
e de dentro desse
lençol
a verdade que se mostra
me fala do que nunca
mais terei
então me deito
silenciosa
atenta ao que me dizem
[porque um detalhe é
uma vida]
cubro meus olhos
e respiro fundo, muito
fundo
pela última vez.
Jaquelyne Costa - Janefli desde nascença
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