In memoriam
Quando atravessei a rua
era noite
E todo o silêncio havia
dentro de mim,
Escuro como aquela
noite
Quando te vi adormecer
para sempre
E nem pude mais saber
O que pensavas
Já que tua voz havia
sucumbido pela doença
Enquanto uma lágrima
solitária
Escorria-lhe como que a
dizer adeus
O último
O que tanto temi.
Eu sopro de mim
Essas coisas tristes
Mas elas sempre voltam
Como o vento devolve ao
chão
Toda a poeira já
varrida.
Ainda hoje me dói
uma espada invisível
Fixada ao peito
A cena em que parecias
uma santa
Naquele caixão
Uma face lívida e leve
Como criança que,
displicente, ri
Enquanto sonha
De fato, deves ter tido
a visão
Do teu novo lar
Mais pacífico e regado
de uma felicidade
Que não se pode ter por
aqui.
E me resta essa
esperança
(lamparina acesa)
Quando for minha hora
Que, sorrindo, possas
me buscar
Para viver o que muito
prematuramente
Nos foi negado
Toda a alegria não
compartilhada
Todo o progresso
conquistado
As flores que não te
pude dar
Os abraços que tive em
demasia
Para te entregar
O nosso amor singular e
puro
Sentimento que me fez
permanecer nesse mundo sombrio sem ti.
Jaquelyne Costa - Janefli desde nascença
Comentários
Quando "perdemos" alguém, um sentimento de total impotência no invade. Nada do que fizermos vai reverter o fato. Então somente nos restam duas opções:
1) acreditar no nada
2) acreditar na esperança
A Esperança, que parece ser a tua opção, te fez escrever tão belo texto.
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