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Poema do sim e do não

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(Imagem: Dromomemoria ) O sim é voar O não é preso ao chão O sim é amar O não é esconder perdão O sim olha O não cega O sim é mão aberta O não é corpo fechado O sim tem liberdade O não usa grilhão O sim é uma ponte O não é beco sem saída O sim produz o pão O não fabrica avareza O sim cai sempre como uma luva O não é murro em ponta de faca O sim tem som de sorriso O não parece um gigante de cara amarrada O sim Maria disse a Deus O não Pedro mentiu três vezes O sim é minha mãe me olhando enquanto durmo O não é alguém espreitando no escuro O sim é bola pra frente O não fica comendo poeira O sim ri de besteiras O não esquenta a cabeça O sim é um menino lampeiro O não é um velho ranzinza O sim nasceu primeiro O não chegou atrasado No meu dicionário.   Jaquelyne Costa

Poema de não saber

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E eu sou tão alheia A este mundo que me persegue E busco um esquecimento outro De não saber mais se fico ou se vou. Ora, se tão diferente dos demais Se não há nenhuma parecença aos normais Que faço então neste mundo Para mim sem entendimento? Acaso pertenço a algum clube, Associação, ou tipo de comunidade Cujo lema é viver Uma vida vazia e de triste simplicidade? Não falo a língua da modernidade Nem mesmo sei do que se trata Essa época tão conturbada Inundada em sânies, egotismos - A política do “eu primeiro”. Deixe que eu mesma diga: Vou-me embora. Desapareço. Não sei se vou ou fico – Eterno perigo de indecisão. Foto e Poema: Jaquelyne de Almeida Costa.

Não me podes ter

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Não me podes ter Ainda, Amor, Minha hora não chegou. Não me podes ter Ainda, Amor, Teu amor é incolor. Não me podes ter Ainda, Amor, Pois que o sol nem despontou. Não me podes ter Ainda, Amor, Não sabes nada do que sou. Não me podes ter Ainda, Amor, Teu querer é falsa ilusão. Não me podes ter Ainda, Amor, Não sinto meu o teu coração. Não me podes ter Ainda, Amor, Meu principal poema não sabes ler. Não me podes ter Ainda, Amor, Esperes o meu amanhecer. Não me podes ter Ainda, Amor, Porque não podes me esperar. Não me terás nunca, Amor, Porque só quem ama -verdadeiramente- Saberá o meu vernante desabrochar. Jaquelyne de Almeida Costa

Abdicação

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Hoje não te quero, E deixe de tantos “por quês”. Hoje não te desejo Não te sentirei Não te beijarei Não, nos olhos, te olharei. E deixe de tantos “como?”. Hoje para mim és repugnante Mais um viandante que caminhou, em vão, Calçadas minhas. Hoje nem quero que me venhas E se insistires, voltarás pelo mesmo caminho. Te fecharei as portas Só por hoje, Não te quero aliviar o cenho cansado, Não quero ouvir confissões, Não quero saber intimidades Nem tuas nem alheias; Não quero que me leias Não quero declarações Nem chamamentos carinhosos. Hoje não te suportarei, vida minha. Hoje estou em clausuras necessárias E tu, só tu, sabes e podes retirar-me de mim. Jaquelyne de Almeida Costa